Câncer, sexo e Darwin...

31 de março de 2009


O câncer, como doença humana, talvez tenha a idade da própria humanidade. Os registros históricos mais antigos, porém, foram encontrados em múmias egípcias com mais de 3 mil anos. A doença foi batizada pelo médico grego Hipócrates (c. 460 - c. 377 a. C.), que associou a forma dos tumores com as patas de um caranguejo e deu a ela o nome desse animal (carcinos, em grego, que equivale a cancer, em latim). A doença já era conhecida, mas só pode ter suas causas determinadas com a descoberta dos genes e do DNA.

O câncer pode surgir em decorrência de mutações no DNA de qualquer tecido. Quando as mutações afetam o genoma de células germinativas (espermatozóides e ovócitos), os defeitos são transmitidos para os descendentes. Esse é o câncer familiar. Fatores ambientais também podem gerar mutações no DNA e produzir o chamado câncer esporádico.

No caso do câncer esporádico, torna-se possível organizar campanhas preventivas, porque são conhecidas as causas. Já no familiar a coisa é mais complicada. Embora o acervo tecnológico atual já permita sofisticadas manipulações do DNA, ainda é muito difícil intervir no genoma dos gametas de pessoas afetadas para corrigir ou eliminar as mutações deletérias.

Normalmente, defeitos nos genes que podem levar seus portadores à morte são eliminados por meio da seleção natural. Mas, para que a evolução ocorra, as pessoas com essas mutações deveriam morrer antes da idade reprodutiva. Essa seleção seria claramente ineficaz no caso do câncer familiar.

Se de fato aceitamos plenamente os conceitos de Charles Darwin aliado com à biotecnologia da reprodução in vitro iminente, nossa opção para o futuro é restringir as relações sexuais puramente ao cenário recreativo.

Texto adaptado de Franklin Rumjanek ( revista Ciência Hoje - Março de 2009)

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